Eleições digitais 2018: internet, apps e redes sociais

A cada 4 anos tem Copa do Mundo… e, também, eleições. Após o fiasco da seleção brasileira de futebol em solo russo, todas as atenções agora se voltam aos candidatos, partidos políticos, plataformas de governo, propostas e tudo mais que envolve esse outro jogo: o político. Ou, pelo menos deveria ser assim. Afinal, serão escolhidos o(a) próximo(a) presidente da república, senadores e deputados.

Mas, o que há de diferente neste ano em relação às eleições de 2014? Esta será definitivamente uma eleição digital!

Embora a internet já tenha tido papel importante nas eleições anteriores, em 2018 as ferramentas digitais estão mais acessíveis e ampliando os canais de comunicação para que partidos e candidatos interajam com seus eleitores. Por sua vez, o cidadão se manifesta cada vez mais à vontade nas redes, mais disposto a se posicionar acerca de política. Pense em seu círculo de amizades: quantas pessoas incrementaram fotos de perfil com cores, bandeiras ou posicionamento de ordem política?

 

Eleições digitais: está acompanhando os posts do seu candidato?

Estas serão as primeiras eleições no Brasil em que serão permitidos os famosos e valorizados posts patrocinados. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou a todos os partidos a patrocinarem as mensagens no Facebook e no Google (conteúdos em sites de busca) durante a campanha eleitoral, a partir de 16 de agosto. O Twitter foi o único grande player digital que decidiu não participar das eleições por aqui.

Desde o começo de julho já é possível observar a exposição pública dos pré-candidatos à presidência, por exemplo, no Facebook. Por falar na maior rede social do mundo, uma de suas propostas é revelar os valores gastos pelos partidos políticos em posts patrocinados. Ainda não se sabe como será esta divulgação.

O que pode: impulsionamento de posts, segundo a legislação brasileira, não está enquadrado como publicidade de um site ou jornal online. No Google, o partido/candidato pode investir em links patrocinados para posicionar suas páginas acima dos adversários.

O que não pode: partidos e candidatos não podem comprar “espaços” na internet. Não podem ter banners em sites de sucesso, por exemplo. O mesmo ocorre na TV, aliás, é por isso que existe o horário político obrigatório.

Interessante é que esta novidade chega em um dos momentos mais intensos da disputa política nas redes sociais e na web em geral, principalmente se pensarmos que vivemos a era das “fake news”. Desde a vitória de Donald Trump na mais recente eleição presidencial norte-americana, o termo vem causando discussões acaloradas. Ativistas políticos de todas as ideologias acusam o opositor de propagar notícias falsas para gerar suspeitas sobre candidatos e partidos.

eleições digitais posts patrocinados

Exemplos de posts patrocinados

Eleições dos apps?

Aplicativo para chamar táxi, pedir o jantar, conversar com os amigos e agora aplicativo para decidir o seu voto! Sim, estas serão as eleições dos apps. Os principais candidatos possuem aplicativos e colocam suas fichas numa comunicação mais mobile, que dialoga diretamente com os eleitores. Inclusive, neste campo, há candidatos que utilizam o WhatsApp para responder perguntas dos eleitores. Sim, sabemos que há equipes envolvidas por trás deste tipo de ação, mas de qualquer maneira, é uma estratégia condizente ao dia a dia do cidadão..

Para o eleitor, o que não falta é app para acompanhar as ações do seu candidato. Exemplo: o app Detector de Ficha de Político reúne informações a respeito de mais de 900 políticos, como a relação de seus processos judiciais. O usuário também pode enviar uma foto, de um santinho do candidato, para o app e ter acesso à sua ficha. O app foi criado pela equipe do Instituto Reclame Aqui, que também disponibiliza um plugin.  Outro app que vale a pena conferir é o Pardal – Denúncias Eleitorais que permite aos eleitores enviarem denúncias e relatarem práticas ou indícios de ações indevidas e/ou ilegais no âmbito da Justiça Eleitoral.

Já o aplicativo Monitora, Brasil! reúne informações atualizadas sobre presença, gastos e projetos dos candidatos que concorrem à reeleição. Outra boa dica, principalmente para o dia da votação, é o app e-Título que poderá ser utilizado no lugar no título impresso. Sim, basta baixar o aplicativo, fazer o cadastro completo e apresentar a via digital (pelo celular) no local de votação.  

Google e as Eleições 2018

Como não poderia ser diferente, o Google também marca presença nas Eleições 2018. Através da plataforma “Google Eleições” é possível conferir informações atualizadas sobre todos os candidatos em todo o território nacional. São dados que cruzam informações públicas com conteúdos da Justiça Eleitoral e que você pode acessar através de um sistema simples, como tudo o que o Google faz. Ao pesquisar sobre um candidato, ou partido, é possível conferir notícias da mídia, termos de pesquisa relacionados, entrevistas no YouTube e muito mais. A página ainda apresenta as propostas dos candidatos e links de ONGs que apresentam histórico dos candidatos, eventuais processos, situação dentro da lei da Ficha Limpa e muito mais.

 

eleições digitaisExpectativas

Como se trata de algo inédito no Brasil, ainda não há parâmetros para se mensurar a efetividade das ações políticas autorizadas nas redes sociais. Porém, é possível observar o que já acontece nos EUA. Segundo estudo de 2013 realizado pelas Universidades da Califórnia e de Columbia, apenas 8% dos eleitores norte-americanos têm alguma lembrança de um post patrocinado do seu candidato nas redes sociais.

O cenário parece desanimador? Para os partidos norte-americanos, não.

Segundo consultoria Borrell Associates, durante as eleições legislativas dos EUA em 2018, os investimentos em anúncios digitais representaram 22% da verba total dos partidos. E ainda melhora: nas eleições legislativas anteriores, em 2014, o investimento foi de apenas 1%. Em números brutos saltou de 71 milhões para 1,9 bilhões de dólares.

Outro dado interessante: nas últimas eleições norte-americanas, o atual presidente Donald Trump gastou US$700.000 em anúncios digitais. Sim, a campanha “Make America Great Again” encheu um pouco mais os cofres do Google.

 

“Fake news”

Eleitores fiéis e indecisos devem se preparar para receber todo tipo de notícias nas redes sociais. Partidos políticos e grupos de apoio (influentes e presentes em todas as mídias) vão propagar conteúdos – nem sempre verdadeiros – para tentar desestabilizar o lado o oposto e, com isso, conquistar o voto do eleitor indeciso usando táticas de guerrilha digital.

Disputas político-eleitorais sempre foram assim e agora, na era das redes sociais, a guerra ficará ainda mais evidente. Cabe a todos o poder da dúvida, de questionar se aquilo é verdade ou mentira. Para tal, uma dica essencial é sempre consultar mais de uma fonte sobre a informação que recebeu. Pesquise em sites com posicionamentos diferentes, procure em portais que se apresentam com neutralidade política e sempre questione. Fique atento ao WhatsApp, que normalmente é a principal fonte de disseminação de notícias falsas neste período.

A informação é verdadeira?

Fake news: para tentar minimizar o impacto e a proliferação de notícias falsas durante as eleições, a Polícia Federal em parceria com o Ministério Público e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) criou um comitê para analisar e julgar as notícias consideradas suspeitas, sem fundamento.  Na internet, o Twitter divulgou que irá verificar a autenticidade de perfis relacionados a candidatos e partidos, assim como redobrará esforços para excluir contas automatizadas, que utilizam de “bots” para divulgar notícias, retuitar posts, etc.

 

Desafios para candidatos e partidos políticos

Quando se raciocina sobre o uso das redes sociais pelos partidos políticos e candidatos deve-se considerar o fenômeno das “bolhas sociais”. Bolhas sociais surgem quando grupos de pessoas escolhem receber somente determinados conteúdos nas redes sociais. Em outras palavras, é um fenômeno que ocorre quando a pessoa não quer nem saber sobre A, B ou C, mas somente sobre X, Y e Z. Então, ela não curte páginas e não segue pessoas com opiniões contrárias, com visões diferentes da sua.

É possível observar a existência de bolhas sociais nos mais variados assuntos, do esporte à política.

Em tempos de eleições, quando os partidos poderão patrocinar posts nas redes sociais, é essencial trabalhar com este cenário. Será preciso uma segmentação de ótima qualidade para se atingir o tipo de eleitor-alvo que se deseja alcançar com as ações patrocinadas. Vale a pena alocar investimentos para tentar convencer pessoas 100% opostas às suas plataformas de governo? Ou seria melhor investir em posts patrocinados para atingir pessoas indecisas? São decisões sensíveis e que poderão determinar o sucesso / fracasso das campanhas digitais, não resta dúvidas.

 

Como foi em 2014?

Ao final das eleições presidenciais do Brasil, em 2014, o Facebook divulgou números sobre a disputa que, segundo a própria rede social, foi o evento político que mais teve comoção social em sua história. Compartilhamos com vocês 😉

eleições digitais cenário em 2014

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